Uma das queixas que ouvimos com frequência de muitos pais, é o não saberem como lidar com as crises de raiva dos seus filhos que, por vezes, chegam ao ponto de bater com portas, mandar coisa para o chão, etc. e sabemos, por experiência própria, como pode ser um desafio para os pais lidar com essa situação de forma eficaz e tranquila.

Por isso hoje vamos explorar algumas estratégias e técnicas que te podem ajudar a compreender melhor as crises de raiva do teu filho e a lidar com elas de maneira saudável.  Vamos juntos descobrir como navegar por esse desafio e fortalecer o vínculo com o teu filho.

Vamos começar então por entender um pouco melhor o que são as crises de raiva.

Quem nunca presenciou uma explosão emocional de uma criança que parece que vai explodir o mundo todo?
Estas crises são momentos intensos em que a criança perde o controle das suas emoções e explode numa enxurrada de choros, gritos e, por vezes, até mesmo atitudes agressivas.
É uma verdadeira tempestade dentro de casa!

Os motivos que levam as crianças ter este tipo de crises podem ser vários, desde frustrações diárias até ao desejo de expressar a sua independência.
Imagina só: elas estão a aprender a lidar com um mar de emoções e nem sempre sabem como deitar para fora tudo o que estão a sentir.
E, sinceramente, quem nunca teve vontade de bater a porta e gritar, quando algo não sai como o planeado?
Pois é, agora podes entender um bocadinho melhor o que o teu filho está a passar.

Para lidar com estas crises, é essencial compreendermos o desenvolvimento emocional das crianças. O teu filho está a aprender a identificar e a nomear as suas emoções, e nem sempre as consegue exprimir da forma mais correta. É como se estivesse a aprender a falar uma nova linguagem emocional.
Por isso, sê paciente e está disposta a ajudá-lo neste processo, mesmo quando a tempestade está ao rubro (que é quando ele mais precisa da tua calma).

Passemos então às dicas para conseguires lidar com estas tempestades:

1 – Reconhece os gatilhos das crises de raiva

Já reparaste que nem todos os momentos são propícios a uma explosão de raiva?
Há certos fatores que podem desencadear a raiva do teu filho. Pode ser uma mudança na rotina, um brinquedo partido ou até um simples “não” como resposta. Estar atenta aos padrões e situações que normalmente desencadeiam as explosões ajudar-te-á a prever e a lidar com elas.

O teu filho não é um metrónomo da raiva, mas podes observar certos padrões de comportamento antes de uma crise. Talvez ele se torne mais agitado, irritável ou até comece a fazer beicinho. Fica atenta aos sinais que o teu filho te dá de que se aproxima uma tempestade. Desta forma, podes intervir antes que a crise tome proporções catastróficas.
Para além disso, há também fatores externos que podem desencadear ataques de raiva. Por exemplo, um ambiente barulhento, o cansaço físico ou mesmo a fome podem contribuir para que a paciência do teu filho vá por água abaixo. É importante que tenhas em conta estes fatores e que tentes criar um ambiente mais calmo e favorável para evitar explosões emocionais.

2 – Estratégias de comunicação efetiva durante as crises de raiva

Sabemos que os acessos de raiva podem testar a nossa paciência até ao limite, mas é crucial que permaneças calma. Se também perderes a cabeça, a tempestade pode transformar-se num furacão. Respira fundo, conta até dez e lembra-te que o teu filho está a aprender a lidar com as suas emoções. Sê um exemplo de calma.
Outra coisa extremamente importante é darmos espaço às crianças para expressarem as suas emoções.
Ouve com atenção e tenta perceber o que está por detrás do choro intenso do teu filho. Mostra empatia e valida as suas emoções, mesmo que não concordes com a razão da explosão. Isto ajudá-lo-á a sentir-se compreendido e acolhido, facilitando o processo de autorregulação.

A comunicação durante estas crises deve ser direta, mas sem dar lugar à agressão verbal ou à violência. É essencial usarmos uma linguagem clara e objetiva para estabelecer limites e explicar as consequências das ações. Evita frases como “fazes sempre isso!” e opta por expressões que demonstrem empatia, como “compreendo que estejas frustrado, e não podemos bater nos outros”. O objetivo é ajudares o teu filho a aprender a expressar as suas emoções de uma forma saudável.

3 – Ensinar habilidades de autorregulação emocional

A autorregulação emocional é uma competência fundamental para lidar com os acessos de raiva. É por isso que é importante ajudares o teu filho a desenvolver a consciência emocional, ou seja, a compreender e a identificar as suas emoções.
Faz perguntas, fala sobre como ele se sente em determinadas situações e ajuda-o a desenvolver um vocabulário emocional. Desta forma, ele será capaz de exprimir as suas emoções antes que estas se transformem numa tempestade.

Respirar fundo e contar até dez pode parecer um cliché, mas funciona mesmo!
Ensina ao teu filho técnicas de respiração e de relaxamento para que ele se possa acalmar nos momentos de tensão. Podem ser exercícios simples, como respirar profundamente pelo nariz como se cheirassem uma flor e soltar o ar pela boca, como se estivessem a sorar uma vela, algumas vezes.
Também podem experimentar técnicas de relaxamento, como massagens ou brincadeiras calmas, para ajudar a dissipar a energia acumulada.

4 – Estabelecer limites e consequências adequadas

Quando o teu filho está a lidar com acessos de raiva, é importante saber que existem limites claros e consistentes, por isso, quando e ele estiver calmo conversem a esse respeito, deixa claro quais os comportamentos que são aceitáveis e quais os que não são. Explica de forma simples e direta as expectativas que tens em relação ao seu comportamento.
Por exemplo, dizer algo como: “É importante que não grites nem batas quando estás zangado. Se tiveres dificuldade em controlar a tua raiva, podemos falar sobre como resolver o problema de uma forma mais calma.”
Lembra-te de ser consistente na aplicação destes limites. Se permitires que ele se comporte de forma inadequada numa situação, será difícil para ele compreender o que se espera dele em alturas diferentes.

Quando o teu filho ultrapassa os limites estabelecidos, é importante aplicares consequências lógicas e adequadas. Isto significa que a consequência deve estar relacionada com o comportamento inadequado e ser proporcional ao que aconteceu.
Por exemplo, se ele bateu num colega de turma, uma consequência adequada seria falar com ele sobre como as suas ações magoaram a outra pessoa e encontrar uma forma de lhe pedir desculpa.

Lembra-te que o objetivo das consequências não é castigar, e sim ensinar. Devem ser uma oportunidade para ensinar o teu filho sobre as consequências das suas ações e ajudá-lo a aprender a comportar-se de forma mais adequada no futuro.

Embora seja importante aplicar consequências quando necessário, é igualmente importante evitar castigos severos ou excessivos. Os castigos desproporcionados em relação ao comportamento podem causar mais raiva e ressentimento no teu filho, além de não serem eficazes para ensinar lições duradouras.
Em vez disso, tenta abordar a situação de uma forma calma e construtiva. Em vez de gritares ou castigares, fala com ele sobre o que aconteceu e sobre como ele pode lidar melhor com a sua raiva da próxima vez.
Lembra-te que ninguém é perfeito e que todos cometemos erros. O teu filho precisa de um ambiente onde se sinta seguro para aprender e crescer, em vez de ser constantemente castigado pelas suas falhas.

5 – Apoiar a criança depois das crises de raiva

Depois de uma explosão de raiva, é importante proporcionares um ambiente seguro e acolhedor ao teu filho. Isto significa que deves transmitir a mensagem de que estás lá para o apoiar, independentemente das suas explosões de raiva.
Certifica-te de que ele sabe que estás disponível para o ouvir e falar quando ele estiver pronto. Oferece conforto físico, como um abraço, se ele estiver disposto a recebê-lo. Mostra-lhe que te preocupas e que estás do lado dele pode ajudá-lo a acalmar-se mais rapidamente.

Para além de dares apoio emocional, é importante encorajares o teu filho a expressar as suas emoções de uma forma saudável. Ajuda-o a identificar e nomear as suas emoções para que possa compreender melhor o que está a sentir.

Falar com ele sobre diferentes formas de lidar com a raiva, como fazer uma pausa e respirar fundo, escrever num diário ou fazer actividades físicas.
Ensina-o a exprimir a sua raiva de forma construtiva e não agressiva.
Lembra-te que as emoções são normais e fazem parte da vida. Ensinar o teu filho a lidar com elas de uma forma saudável é uma competência valiosa que ficará com ele para toda a vida.

Para terminar, é essencial que reforces constantemente o amor incondicional e a ligação emocional com o teu filho. Mostra-lhe que o amas e valorizas, independentemente dos seus acessos de raiva.

Reconhece os seus esforços para controlar as suas emoções e comportar-se adequadamente, assim como as suas conquistas e mostra-lhe que acreditas no seu potencial de mudança.

Lembra-te que os acessos de raiva fazem parte do processo de aprendizagem e crescimento do teu filho. Com o apoio certo, paciência e compreensão, ele aprenderá a lidar com as suas emoções e tornar-se-á um adulto confiante e equilibrado.

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Se te sentes cansada e frustrada com a dificuldade em pôr em prática as dicas e estratégias que te deixamos, sabe que não tem nada de errado pedir ajuda.

Afinal as crianças não vêm com um manual de instruções!

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