Cansada das birras do teu filho?
Sei que nem todas as crianças são iguais, aliás, eu tenho 5 filhos e todos eles são diferentes, uns foram mais propensos a birras do que outros…
Como são os teus filhos?
Alguma vez sentiste vontade de te enfiar no buraco mais próximo, fugir a 7 pés, ou simplesmente fingir que não os conheces?
Acredita, eu já!
A minha filha Jasmin, hoje com 9 anos, sempre foi uma criança meiga, super preocupada e empenhada em fazer o bem a todos à sua volta, entretanto, quando não era capaz de fazer o havia idealizado, sentia-se frustrada e entrava numa espiral de raiva, que era comunicada através de gritos, choro, por vezes com alguma agressividade e muitas vezes durava uma eternidade.
Enquanto pai, eu sentia uma frustração enorme de não ser capaz de ajudar a minha princesa a sair daquela situação que se agravava ao sentir os olhares reprovadores e julgadores das pessoas que estavam a volta. Eu e a mãe da Jasmin não nos entendíamos quanto à forma de atuar, para ajudar (ou não). Cada membro da família tinha a sua receita infalível (ou não), mesmo aqueles que não tinham filhos.
Por ser pai e professor, reconhecido pelos meus pares como alguém que sabe lidar com os miúdos, que não tem problemas de indisciplina, e que os alunos adoram, recaía sobre mim a responsabilidade maior de resolver o assunto, mas, como diz o ditado “casa de ferreiro, espeto de pau”, tinha muitas dificuldades em lidar com aquela situação.
Muitas coisas passavam pela minha cabeça…
“Tenho que fugir daqui”, “que vergonha”, “estão todos a julgar-me”, “estão a divertir-se com a minha desgraça”, “sou um zero à esquerda como pai”, enfim… a ansiedade aumentava a cada dia a imaginar quando a Jasmin teria outro ataque daqueles, preocupava-me o que pensariam de mim, perguntava-me muitas vezes se a minha filha tinha algum problema, questionava-me como pai e até como professor.
Procurei respostas e encontrei-as dentro de mim, percebi que já as tinha e quando as coloquei em prática tudo mudou.
Um certo dia voltou a acontecer e, naquele momento, disse a mim mesmo que iria ajudar a minha filha a lidar com esses sentimentos que a tiravam do seu estado de equilíbrio, e assim foi. A primeira coisa que fiz foi pedir a todos que lá estavam que não interviessem, a seguir me posicionei à altura dela e perguntei-lhe se a podia ajudar, a resposta foi um “não” muito zangado seguido de choro e gritos, respirei fundo e disse-lhe que não compreendia a maneira como ela estava a falar e que iria esperá-la noutra sala, pois precisava que ela me ajudasse com um problema (com essa atitude surpreendi-a, pois ela estava a espera que eu me zangasse, como era habitual) e, passado alguns segundos, veio ter comigo.
Dei-lhe um forte abraço (surpreendi-a de novo) e ela abraçou-me de volta de uma forma tão intensa que até hoje sinto a emoção do momento, parecia que ela estava a dizer “O meu pai está de volta”. A seguir perguntou-me como me poderia ajudar, a minha resposta foi “Preciso da tua ajuda para juntos encontrarmos formas para que não fiques mais nesse estado”, e assim foi, com a minha ajuda, ela delineou uma série de estratégias de forma para que aquela situação não se repetisse, e sim, nunca mais houve situações com a mesma intensidade e nem com a mesma frequência e, quando havia algum problema, na maior parte das vezes ela recorria às estratégias que havíamos delineado.
Resumindo, o que fiz exatamente:
1 – Adotei uma postura de consideração em vez de autoritarismo me colocando à altura dela;
2 – Desviei o foco da minha filha, conduzindo-a a pensar através da curiosidade;
3 – Tirei-a do palco, ou seja, afastei-a dos olhares e das pessoas à sua volta;
4 – Surpreendia através de um abraço (está cientificamente provado que os abraços libertam hormonas como a dopamina e ocitocina que são responsáveis pelo prazer e pela alegria);
5 – Envolvi-a na solução dando-lhe um voto de confiança e respeito.
Há muitas situações que podem despoletar uma birra, por isso deixo-vos mais uma dica complementar que funciona para situações comuns e que vos pode ajudar a prevenir momentos indesejados.
Antecipação: há situações que sabemos que podem dar chatices, como por exemplo, uma ida às compras, nesse caso podes dizer à criança exatamente o que vão fazer ao mesmo tempo prevendo uma consequência menos boa caso haja um comportamento menos apropriado, bem como uma consequência boa caso tudo corra como o previsto. É importante envolver à criança no processo de escolha das consequências.
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