Educar filhos é uma tarefa desafiadora e é natural que os pais tenham expectativas sobre o comportamento e o desenvolvimento dos seus filhos. No entanto, expectativas irrealistas podem levar a frustrações, conflitos e até mesmo a reações impulsivas, como gritar.
Portanto, é fundamental compreendermos a importância de reavaliar essas expectativas e adotarmos estratégias eficazes para promover uma comunicação respeitosa, estabelecer limites saudáveis e cultivar uma forte conexão com os nossos filhos.
Ao aplicar as dicas que aqui te deixamos, poderás criar um ambiente familiar mais harmonioso, promovendo o bem-estar de todos os membros da tua família.
Mas comecemos por compreender o impacto das expectativas na relação entre pais e filhos
Quando se trata de educar filhos, todos nós temos expectativas. Queremos que eles sejam bem-sucedidos, felizes e realizem todo o seu potencial. No entanto, às vezes essas expectativas podem tornar-se um peso nos nossos relacionamentos com os nossos filhos. Ao esperar demais deles, podemos criar uma tensão constante, tornar a vida em família mais stressante do que precisa ser e isso leva a consequências negativas tanto para eles quanto para nós mesmos.
Quando esperamos que eles sejam perfeitos e atinjam um padrão impossível de alcançar, estamos a colocar uma pressão desnecessária sobre eles, o que pode levar à baixa autoestima, ansiedade e até mesmo ressentimento em relação a nós. Além disso, nós também nos podemos sentir constantemente frustrados e desapontados, o que, muita vezes, faz com que tenhamos menos paciência e nos “salte a tampa” com mais facilidade.
Outro aspeto importante a termos em conta, são as expectativas irrealistas que muitas vezes temos sobre nós mesmos, o que leva à autocrítica constante ou a exigir demasiado de nós próprios, e, com isto, torna-se mais provável que também expressemos essa mesma exigência aos nossos filhos.
Isto pode criar um ciclo de comportamento negativo, onde os pais gritam com os filhos como uma forma de lidar com a sua própria frustração e insatisfação.
Por onde começar então para lidar melhor com isso?
1 – Identificando os gatilhos que levam ao grito
Todos nós já estivemos lá – aquele momento em que sentimos que estamos prestes a explodir e a gritar com nossos filhos. Mas reconhecer os sinais de impulso de gritar é o primeiro passo para encontrar alternativas mais saudáveis de ação.
Pode ser quando estamos exaustos, frustrados ou sobrecarregados com as exigências do dia a dia, por exemplo.
Identificar esses gatilhos vai ajudar-nos a entender melhor as nossas reações e dá-nos a oportunidade de interromper o impulso antes de perdermos a calma, já que gritar pode ter consequências emocionais profundas em nossos filhos.
Eles podem sentir-se assustados, magoados ou desvalorizados quando somos agressivos verbalmente com eles. Além disso, o comportamento de gritar pode levar a um ciclo negativo de comunicação, onde os filhos passam a responder com agressividade ou se fecham emocionalmente.
É muito importante lembrar que as nossas palavras têm poder e impacto, e escolher outras maneiras de expressar a nossa frustração é fundamental para manter uma relação saudável com os nossos filhos.
2 – Estratégias para diminuir o impulso de gritar
A autorregulação emocional é essencial quando se trata de diminuir o impulso de gritar. Isso significa reconhecer as nossas próprias emoções e encontrar maneiras saudáveis de lidar com elas antes de reagir ao comportamento dos nossos filhos.
Podemos fazer isso encontrando momentos de tranquilidade para nós mesmos, praticando a meditação ou realizando atividades que nos ajudem a relaxar.
Também podemos optar por conversar de forma assertiva, expressando os nossos sentimentos e necessidades de maneira calma e clara.
Ou procurar atividades físicas ou hobbies que nos proporcionem uma válvula de escape saudável para o stress e a tensão. Encontrar outras formas de lidar com a frustração ajuda-nos a manter uma comunicação mais positiva com nossos filhos.
3 – Cultivando uma comunicação respeitosa e empática
Uma comunicação respeitosa e empática é fundamental para construir uma relação saudável com os nossos filhos. Isso envolve ouvir ativamente o que eles têm a dizer, prestar atenção genuína e demonstrar empatia em relação aos seus sentimentos. Quando os nossos filhos sentem que são ouvidos e compreendidos, eles estão mais propensos a cooperar e se comunicar também eles de maneira aberta e saudável.
É importante lembrar que os nossos filhos são indivíduos únicos, com as suas próprias opiniões e personalidades. Respeitar a sua individualidade significa permitir que eles expressem os seus pensamentos e sentimentos, mesmo que sejam diferentes dos nossos. Valorizar as suas opiniões e ideias fortalece a sua autoestima e incentiva-os a comunicarem de forma honesta e aberta.
4 – Estabelecer limites saudáveis e realistas
Na procura por uma parentalidade mais tranquila, é essencial estabelecer limites claros e consistentes para os filhos, o que significa definir o que é aceitável e o que não é, de forma consistente ao longo do tempo. Quando os limites são claros, as crianças entendem o que é esperado delas e sentem-se mais seguras e confiantes.
Não podemos esquecer que cada criança é única, com as suas próprias necessidades e capacidades. Portanto, é importante adaptarmos os limites de acordo com essas particularidades individuais. Não se trata de estabelecer expectativas muito baixas, e sim de levar em consideração o desenvolvimento e as habilidades de cada criança, para que os limites sejam justos e alcançáveis.
Encontrar o equilíbrio entre a flexibilidade e a firmeza na educação dos nossos filhos é um desafio constante. Sermos firmes nos limites estabelecidos não significa sermos rígidos ou autoritários, e sim transmitir segurança e consistência. Ao mesmo tempo, é importante sermos flexíveis e adaptarmo-nos às circunstâncias, levando em consideração as necessidades individuais e as situações específicas que surgem no dia a dia.
5 – Promover a autorreflexão e o autocuidado dos pais
Ser pai ou mãe é uma tarefa exigente e cansativa, e é fácil perdermo-nos no meio das responsabilidades diárias. No entanto, é fundamental reconhecermos a importância do autocuidado para uma parentalidade saudável. Tirar um tempo para nós mesmos, praticar atividades que nos proporcionem prazer e relaxamento, e procurar apoio sempre que necessário, são atitudes essenciais para mantermos o equilíbrio emocional e a qualidade da nossa relação com os nossos filhos.
E não tem de ser muito tempo por dia, apenas alguns minutos que nos ajudem a recarregar as nossas baterias para podermos lidar com mais calma com eles.
6 – Celebrar o progresso e cultivar um ambiente de aceitação
Reconhece e valoriza os esforços e conquistas dos teus filhos, independentemente do resultado final. E, vez de te focares apenas nos resultados, concentra-te no processo e no esforço que eles estão a fazer. Isto ajuda a construir a sua autoestima e motivação para continuarem a se empenhar nas suas metas.
Afinal, todas as crianças querem agradar aos pais pelo que, quanto mais reconhecermos o seu esforço, mais eles se esforçarão.
Conclusão
Reavaliar as expectativas em relação aos nossos filhos e a nós mesmos e diminuir o impulso de gritar é essencial para promover um ambiente familiar saudável e positivo. Ao adotares as dicas que aqui te deixámos, estarás a criar uma base sólida para o crescimento saudável dos teus filhos e a fortalecer os laços entre vocês a cada dia.
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Esperamos que estas dicas sejam úteis para ti e para a sua família.
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